Proteção ou enganação?

Diz a verdade: você toma cerveja com selinho ou sem selinho? O selinho passa ou não uma certa "sensação" de higiene? Você pode ter respondido NÃO às duas perguntas que fiz - o que diga-se de passagem comprova que você é um consumidor esperto - mas o fato é que infelizmente a maioria dos consumidores acreditam que tais "lacres" de alumínio realmente oferecem maior higiene ao produto, influenciando no momento da compra.

Para aqueles leitores que não são consumidores de cerveja em lata e que não fazem a mínima idéia do que estou falando, algumas latinhas de cerveja vêm com um "lacre" em alumínio, que supostamente serve para proteger o orifício da lata de agentes contaminantes. Segundo as propagandas dos produtos, esse dispositivo garantiria a segurança para o pronto consumo, uma vez que protegeria a latinha de agentes contaminantes, animais ou insetos possivelmente presentes nas gôndolas de supermercados ou mesmo em bares.

Os produtos que apresentam o tal "selo" são as cervejas Itaipava, Cristal e Nova Schin, que abusam da propaganda enganosa quando o assunto é oferecer o tal selo como uma garantia de higiene para os consumidores do produto. Você pode conferir os videos abaixo, onde uma das marcas coloca o tal "selinho" como principal chamariz para o consumidor:





Pesquisas de mercado realizadas a pedido do Ministério Público do Rio de Janeiro, comprovam que a presença do tal lacre influencia o consumidor no momento da escolha do produto e consequentemente no momento da compra.

Aquele consumidor mais atento que se dispõe a pensar um pouco a respeito do que consome, acaba por constatar que o "lacre" não lacra nada. Não existe qualquer vedação, mas apenas uma película de papel alumínio cobrindo a latinha. O selinho é facilmente retirado, sendo que em algumas gôndolas, devido ao transporte, as latinhas apresentam o lacre parcialmente removido. Não é necessário conhecimento de perito para chegar à conclusão que o tal lacre não passa de um apetrecho bonitinho para 'vender mais' oferecendo a mesma coisa.

Não é necessária nenhuma análise mais demorada para concluir que o tal selinho não se presta à função para a qual se apresente, mas para os consumidores mais incrédulos informo que existe laudo do Centro de Tecnologia de Embalagem (CETEA), feito a pedido da 2ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa do Consumidor do Rio de Janeiro, que comprova que o dispositivo não protege o consumidor de agentes contamináveis (bactérias, partículas, insetos, etc) e pode, inclusive favorecer o acúmulo de resíduos ofensivos à saúde humana na latinha da cerveja.

Com base neste laudo, em pesquisas de mercado que confirmam que o selo influencia na escolha do consumidor e em denúncias da sindicerv (Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja) , o Ministério Público do Rio de Janeiro abriu inquérito contra as cervejarias Schincariol e Petrópolis, fabricantes das marcas Itaipava, Nova Schin e Cristal.

O mais lógico é que a promotoria proponha às duas cervejarias a assinatura de umTermo de Ajustamento de Conduta (TAC) para que o problema seja solucionado sem que se recorra à Justiça. Não sou consumidora de nenhuma das cervejas "seladas" mas afirmo que o tal papelote nunca me enganou e que este tipo de conduta ofende a inteligência dos consumidores mais atentos. Folgo em saber que o tal "selinho" está com os dias contados.

Certamente que o consumidor que gosta de cerveja Cristal ou Itaipava continuará comprando as marcas, independentemente da existência do selinho. O que não se deve permitir é que uma empresa tente vender gato por lebre enganando descaradamente o consumidor. O caso me faz lembrar um certo iogurte ou melhor dizendo, bebida láctea, que teima em se apresentar em rede nacional como remédio para prisão de ventre! Uma coisa é certa: o autor do video abaixo continuará tendo aversão à marca - com selinho ou sem selinho. Tem consumidor para tudo...